Palavra Pastoral IMeL Saúde 64

22 de Maio de 2021

Você já ouviu falar do kintsugi? Trata-se de uma antiga técnica artesanal japonesa para restauração de peças de cerâmica quebradas. Aquela tigela ou xícara de porcelana quebrou? Nada de jogá-la fora. Ela é colada, restaurada a sua forma original, usando um tipo de verniz polvilhado com ouro. Sim, com ouro! As cicatrizes douradas ficam visíveis, em uma peça que agora vale mais do que antes. O que isso nos ensina?

Nas Escrituras também vemos repetidas vezes a figura de Deus como um oleiro, um artesão que nos modela, vasos de barros que somos, como nesse verso em Isaías 64:8, “nós somos o barro, e tu és o oleiro; somos todos formados por tua mão”. Quando erramos, quando estamos quebrados por causa de nosso pecado, o Senhor nos restaura e nos faz vasos novos, pela sua graça. Tanto na Palavra como no kintsugi há uma poderosa ideia por trás, uma certa teologia da redenção, do artesão que trabalha em nós e nos faz pessoas novas, redimidas. E ainda mais valiosas por causa dessa restauração de Deus em nossas vidas.

As cicatrizes douradas também nos lembram do que já passou. Foi duro, foi difícil, de fato saímos do buraco do pecado, perdidos em nossas falsas certezas, quando Deus nos resgatou. As cicatrizes nos ajudam a manter a humildade, a reconhecer o poder para causar dano que o mal tem, em nós e no mundo. Mas ao final a restauração bela nos reacende a esperança de que um novo começo sempre é possível, que a obra que Deus faz em nossas vidas, colando os nossos pedaços, é sempre especial, é ouro, é alegria apesar da dor, é esperança apesar dos percalços. Em Cristo há vida, e ela é bem bonita, como uma peça com cicatrizes de ouro.  

Uma oração

Deixamos com vocês essa oração para a semana, aprendendo com Martinho Lutero sobre como usar bem o nosso tempo, para ouvir o Senhor, para celebrar e ajudar o próximo:

Senhor de minhas horas e de meus anos,
Tu me deste muito tempo.
Ele está atrás de mim e está diante de mim.
Ele foi meu e se tornará meu,
e eu o recebi de ti.
Eu te agradeço por toda batida do relógio
e por toda manhã que vejo.”
Eu te peço que me seja permitido deixar
um pouco desde tempo livre de ordem e dever
um pouco, para o silêncio, um pouco para o folguedo
um pouco, para as pessoas em torno da minha vida,
que precisam de um consolador.”

Martinho Lutero

Fiquem todos na paz do Senhor,

Kodo, Ziel e Ricardo
Pastores IMeL Saúde