Palavra Pastoral IMeL Saúde 132

20 de Agosto de 2022

Nesse domingo voltaremos a Jeremias. Depois de um longo tempo sem refletir juntos sobre as aventuras e desventuras de um profeta que procurou ser fiel ao seu chamado em tempos difíceis, faremos uma revisão de algo que vimos até aqui em sua jornada. O enfoque será a empatia, com a pergunta sobre com quem nos identificamos quando lemos ou ouvimos algo da Palavra de Deus. Até que ponto entendemos que aquela mensagem, as exortações, as denúncias, a revelação das inconsistências, não são apenas para esse ou aquele personagem, mas para nós mesmos?

Com frequência tenho ouvido que estamos vivendo em uma época de muita incivilidade. Em outras palavras, um tempo em que grosserias e ofensas foram normalizadas. Por isso, deveria ser ainda mais importante esse exercício de empatia ao ler e meditar na Palavra. Daí nos perguntamos: será que essa mensagem é (também) para mim? Como eu enfrentaria essa situação? Como ouviria essas palavras? Eu teria cometido os mesmos erros? Também preciso aprender essa lição?

Alguns dizem que a incivilidade de nossos tempos é marcada pela oposição: quem ou o que mais odeio determina o meu modo de pensar e agir. Pois bem, e se fosse diferente? E se nos esforçarmos para que nossa atitude funcione a partir de outra lógica? Quando tentamos nos colocar no lugar do outro (a tal empatia), pode ser que isso nos leve a um lugar de graça e humildade, onde recebemos, onde acolhemos, onde ao menos tentemos entender melhor o que passa na mente e no coração do outro. O efeito por vezes será surpreendente, quando nós mesmos acabamos revisando nosso olhar, nosso coração, nossa atitude, diante de Deus, diante das pessoas, em especial daquelas com quem estamos em conflito. A empatia como um exercício de aproximação da Palavra de Deus pode transformar também nossas relações com os outros em tempos de crises.

Ricardo Borges