Palavra Pastoral IMeL Saúde 211

16 de Março de 2024

A indignação e o abraço

Neste mês, como parte da preparação para a Páscoa, estamos lendo o evangelho de Marcos com o programa de leitura bíblica comunitária, Lemos Juntos. Na primeira metade deste evangelho, Jesus mostra seu poder e autoridade como nunca antes: no ensino, nas curas, diante dos espíritos maus, em sua supremacia sobre a natureza. Multidões o procuravam. Milhares de pessoas! 

Ao seguir alguém aclamado pelas multidões, os discípulos tinham uma sensação de grande privilégio. Eles aguardavam que o grande Rei, anunciado pelos profetas, governaria como Davi: em um palácio, vencendo batalhas, libertando Judá da servidão a Roma. 

Porém, quando Jesus começa a deixar a região da Galileia, a caminho da Judeia, temos um ponto de virada: aquele importante, poderoso e esperado Cristo começa a falar sobre a cruz, sua morte e ressurreição.

É em meio a esta mudança de rota, no capítulo 10 de Marcos, que os discípulos deixam Jesus indignado: no desejo de controlar quem acessa o mestre, os discípulos não aprovam as crianças. Marcos deixa claro que Jesus está tanto defendendo que as crianças o acessem, quanto ensinando seus discípulos sobre o que significava segui-lo: “Eu lhes digo a verdade: quem não receber o reino de Deus como uma criança de modo algum entrará nele”. (Mc 10.15)

Receber o Reino como uma criança é uma oposição ao modo como os adultos imaginam poder se aproximar de Deus. Nós adultos estamos buscando afirmar nossa identidade, constantemente, em algo que temos ou fazemos. Acreditamos que chegamos ao Reino de Deus, ao invés de recebê-lo. 

Neste sentido, a criança não possui nada para oferecer. No trecho de Marcos, é evidente que não são elas quem conseguem encontrar Jesus por algum mérito ou posição social. Nem o auxílio de seus pais ou responsáveis é efetivo.  É Jesus que as vê, vai até elas e se coloca como seu defensor. 

Ao fim deste ensino, Jesus envolve as crianças em seus braços, toca em suas cabeças e as abençoa. O Deus homem se expressa com afeto. 

Podemos refletir em dois ensinamentos: não devemos impedir as crianças de irem até Cristo e devemos receber o Reino de Deus como elas. Com o coração aberto para receber o abraço de Jesus e sua bênção. Sendo o que somos: carentes de sua salvação.

Giovanna Amaral