Palavra Pastoral IMeL Saúde 127

16 de Julho de 2022

O tempo, a espera e a luta

O tempo nos faz mais maduros ou menos maduros? Quando os anos passam, aprendemos alguma coisa? Lembro-me de há uns 20 anos comentar com amigos (que supunha inteligentes) sobre os perigos do aquecimento global e alguns me diziam “isso não existe, é propaganda”. Hoje, as ondas terríveis de calor e os efeitos extremos da mudança climática afetam a milhões.

Fico imaginando o que nossos descendentes daqui a 100 anos pensarão de nós (caso Jesus não volte antes ou o mundo ainda exista). Imagine quando sigilos forem levantados, quando verdades inconvenientes se tornem inegáveis, o que dirão? “Por que se deixaram enganar? Por que foram omissos? Por que andavam tão cegos?”. Daí me pergunto se precisamos de mais tempo para aprender. Mas quanto? Os 70 anos no exílio na Babilônia me parecem muito. O que dizer então dos 400 anos de escravidão no Egito?

No Salmo 27, onde o salmista pede ao Senhor que lhe ensine o caminho, ele termina o salmo assim: “Espere pelo Senhor e seja valente e corajoso; sim, espere pelo Senhor”. A dimensão do tempo aparece na ênfase no esperar naquele que pode nos ensinar e nos livrar do mal. Mas preste atenção no recheio, no que aparece entre as duas exortações para esperar: “seja valente e corajoso”. Hoje, não amanhã, mas ainda hoje, com urgência, é preciso que sejamos valentes e corajosos. Quem sabe assim daqui a 100 anos as futuras gerações tenham um olhar diferente sobre como enfrentamos os desafios de nosso tempo.

Ricardo Borges