Palavra Pastoral IMeL Saúde 212

23 de Março de 2024

O caminho da fé

O capítulo 3 da carta aos Gálatas tem nos permitido percorrer o caminho da fé. Os cristãos da Galácia tendo começado sua vida cristã pelo Espírito (3:3) mudaram sua forma de pensar, devido a influência daqueles a quem o apóstolo Paulo chama de falsos irmãos (2:4) que se infiltraram na igreja, com ideias equivocadas sobre o Evangelho. Esta influência fez com que os cristãos da Galácia decidissem “tornarem-se perfeitos diante de Deus com base em seus próprios esforços. Paulo classificou esta decisão como insensatez (3:1) e os encorajou a voltarem ao Evangelho. Como argumento ele recorre ao relato da promessa feita por Deus a Abraão, de como ele foi considerado justo por Deus por causa de sua fé (3:6-9; 15-18), chama a atenção para a obra realizada pelo Filho de Deus (3: 13-14), e esclarece o problema da lei (3:10-12) e o propósito da lei (2: 19-25). Neste domingo seguiremos refletindo sobre o propósito da lei. 

Assim como uma compreensão equivocada da relação entre a lei e a graça trouxe problemas para a igreja na Galácia, em nossos dias vemos esta mesma tensão produzindo novos problemas. Nas linhas a seguir cito a observação feita pelo Dr. Mauro Meister, em seu livro: Lei e Graça: a compreensão necessária para uma vida de maior santidade e apreço pelas verdades divinas (ed. Cultura Cristã). Ele afirma que: 

“Sob muitos aspectos podemos entender das Escrituras que a lei de Deus é para o crente uma forma de manifestação de sua graça. Como conheceríamos a vontade do Deus soberano, a forma de nos aproximarmos dele e o que o agrada, senão pela sua lei revelada? Por outro lado, conforme a mesma Escritura, a lei aplica a maldição da Aliança sobre os incrédulos que rejeitam a Jesus, o Filho encarnado de Deus. Esta é a visão abrangente da lei que encontramos na Palavra de Deus e que devemos aplicar em nossa própria vida. Quando apreciamos a relação entre a lei e a  graça de Deus precisamos ter uma visão ampla de ambas para que não caiamos em extremos de interpretação e compreensão. Como exemplo destes extremos temos o Antinomismo que defende a rejeição da lei em função da graça. Defende que a lei não tem nenhuma função para a vida do cristão e por isso a lei deve ser totalmente rejeitada. Outro extremo é o legalismo ou moralismo , que rejeita completamente a graça em função da lei. Isso seria como um neonomismo , uma volta à lei, desconsiderando Jesus Cristo e sua obra de graça, uma distorção do ensino da Escritura, da obediência requerida pelas Escrituras àqueles que vivem debaixo e tão somente debaixo da graça de Deus. Este legalismo foi combatido por Jesus e pelos apóstolos.

A ética cristã, a formação de valores e das leis aplicadas aos relacionamentos familiares e sociais deve ser baseada na justa compreensão da relação entre a lei e a graça de Deus. Nosso agir como pais, filhos e cidadãos está diretamente ligado à nossa compreensão das relações entre a lei e a graça de Deus. Nosso agir como pais, filhos e cidadãos está diretamente ligado à nossa compreensão das relações e dimensões que atribuímos a lei e graça de nosso Deus. Uma visão desequilibrada pode nos levar a uma aplicação da lei que será injusta, anacrônica e que afrontará ao próprio Deus da Bíblia.”

Como vimos, as consequências de uma compreensão equivocada desta relação têm muitas implicações e afetam cada dimensão de nossa vida cristã. Seguiremos nossa reflexão buscando uma compreensão biblicamente fundamenta desta importante relação entre a lei e a graça.

Que Deus nos abençoe neste processo e que possamos viver a plena liberdade para qual o Evangelho nos chama e nos capacita viver. 

Um forte abraço

 Ziel Machado