Palavra Pastoral IMeL Saúde 151

14 de Janeiro de 2023

Em defesa da paz, da verdade, da justiça, da reconciliação

Lamentavelmente, no domingo passado, assistimos atônitos a ações de violência em nosso país que são absolutamente indefensáveis. Não são apenas os danos materiais, mas também os simbólicos, de quem deixou de acreditar em qualquer outra via para divergir e lutar democraticamente pelo que acredita. Para nós, evangélicos, a tragédia maior foi ver que muitos o fizeram cantando hinos, empunhando a Bíblia, e que outros, ainda que não tenham sido atores dessa barbárie, a minimizam ou ainda veladamente ou abertamente apoiam o sucedido. O que aconteceu com a nossa fé evangélica para que esse tipo de ação encontre guarida e apoio em nosso meio?

Também reconhecemos que muitas famílias estão abaladas internamente por conta dessas fidelidades político-ideológicas. Não terminam de chegar a nós os relatos muito tristes de parentes que não se falam mais, ou que tiveram sua relação profundamente afetada por conta de diferenças nesses temas. Ou seja, tragédia sobre tragédia. Isso acontece quando o nome de Deus e a fé se misturam indevidamente com projetos que são limitados, falhos, temporais. O testemunho da igreja sofre profundamente, as famílias sofrem por conta dessas cegueiras e idolatrias.

Reconhecemos que há um longo caminho pela frente. Um caminho que envolve ser mais maduros para saber reconhecer e rechaçar com firmeza as mentiras que são propagadas nas redes. Uma jornada também para aprender a divergir, a dialogar, a incidir na sociedade, de maneira a buscar as mudanças e impactos que esperamos ou acreditamos, de maneira civilizada e democrática.

Quem é de nossa comunidade sabe que nós os pastores preferimos não revelar publicamente nosso voto ou apoio, a qualquer candidato, em qualquer eleição. E que defendemos que em nossa comunidade possamos encontrar uma pluralidade de votos e de preferências políticas, onde respeitosamente ouvimos uns aos outros, dialogamos, construímos comunidade.

É hora de seguir orando pelo nosso país, pelas autoridades constituídas nos diferentes poderes, e pela sociedade em geral, orando por paz, pela verdade, pela justiça, pela reconciliação. Nesse último ponto, reconhecemos que não tem sido fácil. Assim, animamos a que não entrem em “em discussões tolas e ignorantes que só servem para gerar brigas” (2 Timóteo 2:23), reconhecendo que mesmo esse conselho não é tão simples de seguir, porque há momentos em que se deve falar e há momentos em que se deve calar (Provérbios 26:4-5). Mas justamente porque é preciso discernimento, recomendamos fortemente a prudência, a oração, a guia do Espírito e a respeitosa vida em comunidade, para que possa haver aprendizado e crescimento, com toda a humildade.

Lembremos, como somos recordados em Jeremias 33, que o Senhor é bom, que seu amor dura para sempre, que ele sempre levanta um renovo para fazer o que é justo e certo, que o Senhor é a nossa justiça.

Pastores da IMeL Saúde - Ziel, Kodo e Ricardo