Palavra Pastoral IMeL Saúde 129

31 de Julho de 2022

Sinais do Reino

Tenho amigos não evangélicos que às vezes ficam curiosos sobre qual seria meu posicionamento político. Eu não lhes digo em quem voto, e lhes explico o porquê. Como sabem que sou pastor, esclareço que em minha igreja nós os pastores entendemos que não devemos revelar em quem votamos. Primeiro, porque a comunidade é diversa. Aliás, ela deve ser diversa, porque se não correríamos o risco de cair em algum tipo de idolatria, à direita ou à esquerda, com fulano ou com sicrano. Como somos pastores de todos, e não de apenas um grupo, convém a discrição em nossas opções na urna.

Segundo, porque cremos que a comunidade da fé é constituída por discípulos e discípulas de Jesus que crescem em autonomia e responsabilidade. Ou seja, não faria sentido algum ter alguns líderes que busquem influenciar o voto das ovelhas para um ou outro candidato. Esse não é o nosso papel. Claro que nada impede que irmãos da igreja tenham suas próprias convicções e que inclusive as defendam diante dos demais. Mas sempre com respeito, com discordância amorosa, sem caracterizar aquele que pensa diferente como um inimigo a derrotar. Não deve ser assim, pelo menos não dentro da igreja.

Terceiro, tenho aproveitado essas perguntas de meus amigos para evangelizar. Aponto à esperança que tenho em Cristo, e sempre me refiro ao Senhor, ao seu caráter e à sua justiça, como aquilo que poderia me motivar ou me orientar em minhas escolhas na urna eletrônica. Assim, minha esperança ultrapassa os projetos temporais, falíveis e imperfeitos. Não deixo de votar, porque creio que precisamos exercer nosso direito e responsabilidade, mas sempre colocando minha expectativa última em outro lugar, no Reino de Deus. A maneira em que vivemos no mundo, nosso estilo de vida, as lutas que escolhemos lutar, os vulneráveis que buscamos defender, esperamos que tudo isso ao final seja um bom testemunho e sinal desse Reino.

Ricardo Borges