Palavra Pastoral IMeL Saúde 207
17 de Fevereiro de 2024
O que é Lei? (continuação)
Em continuação a pastoral da semana passada, vamos seguir nossa reflexão sobre: o que é a Lei? Estamos usando como material básico para esta reflexão o texto do Dr. Mauro Meister ( Lei e Graça, ed. Cultura Cristã ). Temos aqui uma adaptação no texto original que se encaixa nos limites desta pastoral. O texto a seguir é um condensado das páginas 19 a 23, onde ele responder a pergunta: o que é a lei?
“Em geral, quando falamos de lei, pensamos basicamente nos Dez Mandamentos ou na legislação mosaica. Teólogos antigos costumavam se referir aos Dez Mandamentos como a lei moral. Muitas vezes, ao citar a lei, autores e pregadores querem referir-se ao Pentateuco, que, na divisão tríplice da Bíblia Hebraica corresponde à Torah. No entanto, existe muita legislação bíblica fora do Pentateuco e certamente muitas leis que estão no Novo Testamento. Mesmo no contexto do Pentateuco podemos falar da “ lei antes da lei ” que envolve a lei natural (a lei gravada no coração humano) quanto a lei e os princípios legais revelados aos primeiros seres humanos, antes e depois da Queda ( este momento específico da desobediência humana em relação a Deus).
No período da Reforma Protestante, os reformadores usavam o termo Lei com dois sentidos distintos, em alguns casos o termo Lei é usado como um sinônimo de Antigo Testamento da mesma forma como Evangelho é usado como sinônimo de Novo Testamento. Em outros contextos, o termo lei é usado como uma categoria especial referindo-se ao seu uso, como categoria de comando, isto é, um mandamento direto expressando a vontade absoluta de Deus sobre alguma coisa (2 Coríntios 3:7, Romanos 4:15 e 18). Não podemos, porém, esquecer que é o próprio Antigo Testamento que nos apresenta a promessa da salvação de Deus, a sua graça operante sobre os crentes do Antigo Testamento. A esse respeito, Calvino diz no seu comentário em Isaias: “A lei contém tanto mandamentos como promessas” (Is 24:5)
Não devemos nos aproximar da lei de Deus com preconceitos. Um preconceito muito comum é de que a lei é muito “dura” . Pode até parecer, mas o Deus das Escrituras, o Deus que se manifestou a Moisés e aos pais é um Deus de amor, em todas as épocas e ocasiões. Ele é também espírito e dele vêm os frutos do Espírito (gálatas 5:22) É desse Deus que emana a lei e ela não pode ter um caráter diferente de seu criador. Se a lei nos parece dura, é porque a vemos de maneira diferente daquela como o próprio Deus a vê.
Outro erro comum é pensar que, na sua suposta dureza, a lei demanda coisas impossíveis de se fazer. Não podemos nos esquecer de que a mesma lei que exige é também a lei que providencia. Portanto, para o homem de Deus no tempo do Antigo Testamento, a lei apresentava tanto a demanda quanto a graça. Se a lei exigia a perfeição, ela mesmo apontava para o sacrifício dos animais que representava o sacrifício de Cristo e o verdadeiro perdão. Assim, quando pela fé sacrificavam, tinham o mesmo perdão em Cristo que temos hoje.
Não devemos nos esquecer que as críticas de Jesus não eram à Lei, mas ao que os fariseus faziam em sua interpretação da lei- tanto limitando seu entendimento ao ato externo, como expandindo-a fora dos parâmetros de Deus, multiplicando as ordenanças. Assim, era um jugo e escravidão que eles colocavam sobre o povo. Jesus foi claro ao afirmar (Mt 11: 28-30)”:
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
Ziel Machado