Palavra Pastoral IMeL Saúde 142
29 de Outubro de 2022
Como será, no dia seguinte, o padrão de nossas relações pessoais: eco, oco ou oca?
Estamos bem conscientes de como chegamos a este momento. O caminho até aqui não tem sido fácil, muitas dimensões de nossas vidas foram profundamente impactadas, especialmente a qualidade de nossas relações pessoais. Vínculos familiares e de amizade têm sido afetados por questões de caráter político de uma forma que nossa geração nunca experimentou.
Reconhecemos esta triste realidade, mas, como aprendemos no relato bíblico, a realidade é muito mais ampla do que o alcance dos nossos olhos.
O apóstolo João, detido na ilha de Patmos, foi visitado pelo Senhor e, tomado pelo Espírito, viu um trono no céu. O trono estava ocupado por aquele que tem o controle da história, aquele a quem, dia e noite, sem cessar, os seres viventes proclamam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus todo poderoso, que era, que é e que há de vir”.
Como cristãos, nossa perspectiva da história não se limita à descrição feita pelos cronistas de nosso tempo. Temos uma perspectiva espiritual da história que, sem negar o registro dos cronistas, nos permite olhar de forma mais abrangente os desafios de nosso tempo.
A vida é uma caminhada, às vezes longa, às vezes breve. Ao longo do percurso pessoas se aproximam e, por razões diversas, se afastam. O jeito é manter o rumo, sem perder o prumo. Às vezes as pessoas, entre as quais me incluo, só querem conviver com os amigos "ecos", aqueles que repetem exatamente o que eu digo, penso, gosto e prefiro.
Outros só querem conviver com amigos "ocos", onde deposito minhas verdades, produzindo encantamentos mágicos. Tudo isso me parece um tanto narcisista. Acho legal os amigos e amigas "ocas", com quem a gente senta perto do fogo para aquecer o corpo e o copo, onde a gente diverge e converge, para aquecer a mente e o coração.
No Evangelho João 13:35 lemos assim: “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”. Que desafio para nosso testemunho em época tão polarizada, não é mesmo?
O fato é que, em muitas situações, o eixo central de nossas relações tem sido a polarização e não a unidade que temos em Cristo. O desafio do dia seguinte será renovar nosso compromisso com Jesus Cristo, este amado Senhor que está assentado no trono, que pagou um alto preço para que nossa unidade fosse conquistada e assegurada.
Dele precisamos ser eco, um eco de sua misericórdia. Diante dele não há problema em ser ocos, isso nos permitirá ser cheios de sua bondade e misericórdia, a fim de sermos ocas, um abrigo seguro para muitos que estarão feridos no dia seguinte. Nosso país precisará de uma igreja cheia do amor de Deus no dia seguinte, nos meses e anos seguintes. Até que Ele venha. Maranata!
Ziel Machado