Palavra Pastoral IMeL Saúde 219

11 de Maio de 2024

Pastoral dos Dias das Mães

Neste dia das mães eu olho para o exemplo de Maria de Nazaré, a mãe do Senhor. Hoje muitas mães serão homenageadas, algumas ficarão um pouco desconfortáveis com tantos elogios (ou com a falta deles); outras dirão: é isso mesmo “eu sou superpoderosa!” Devemos reconhecer que a rotina do cuidado doméstico (não devidamente compartilhada, como deveria ser), algumas vezes acompanhada de uma rotina de trabalho fora do lar, é um grande desafio. Por mais motivada que as mães estejam sabemos que cuidar, cansa! As expectativas sociais podem  provocar um sentimento de inadequação, fruto do abismo entre o que se apresenta como “ideal” de mulher/ mãe etc, e a realidade marcada por ambiguidades e sentimentos de limitação.

Nas Escrituras temos o exemplo de Maria. Uma mãe que foi proclamada por Deus, anjos e homens como; bendita! Mas quais seriam os sinais destas bençãos na vida de Maria? 

Não é fácil estudar sobre Maria. No contexto cristão talvez tenhamos o seguinte problema: os Católicos tem Maria “de mais”, e nós, os Evangélicos, temos Maria “de menos”. Corremos o risco de fazer uma imagem tão perfeita de Maria que ninguém consegue se identificar, que acaba por desumanizar Maria. Temos ainda uma enorme contradição em nosso país, onde muitos afirmam adorar à Maria, com uma realidade marcada por uma brutal violência  as mulheres e onde, de diferentes formas, se reduz as mulheres a um objeto. Aos poucos tem crescido a atenção das autoridades sobre este tema, temos novas leis no Brasil contra o feminicídio e cresce a quantidade de publicações a respeito. Ainda assim, há muito para ser feito sobre a condição feminina.

O relato bíblico sobre Maria nos apresenta um modelo de entrega incondicional a Deus em meio as ambiguidades da vida. Ela era uma adolescente (entre 12 e 16 anos), provavelmente tinha 14 anos anos, quando foi visitada por um anjo do Senhor. Sua vida é marcada por um espaço de tempo muito curto entre adolescência e a vida adulta. Viveu na Galiléia, uma região renegada; sem a mínima importância. Sendo bem jovem tinha um compromisso com José, que é praticamente um  matrimonio (José sendo uns 4 anos mais velho do que Maria). Eles tem um tipo de  compromisso que é era casamento sem a permissão para plena relação fisica (reservada aos formalmente casados). Este compromisso era de tal natureza que, uma relação fora da mesma, era considerado um adultério.

No relato de Lucas (1:29 –33) vemos os riscos imediatos que esta nova condição de vida apresentava para ela. Ela poderia ser apedrejada (segundo o a tradição do Antigo Testamento), mas no período que ela estava vivendo, os historiadores afirmam que este era um perigo menor, entretanto, isso poderia significar um divórcio; ou assumir uma condição de  marginalização, ou ainda uma condição marginal, debaixo da dependência dos país. Na morte dos pais o caminho seria miséria absoluta.

Que significou na vida de Maria ser abençoada?

a) Risco de rechaço imediato por José
b) Uma vida marginal , miserável e de vergonha
c) Uma nova condição de difícil conciliação ao se tornar mãe de Jesus (Deus & Salvador), diante da clara contradição entre a promessa e  situação de extremo risco.

Diante destes desafios ela se firmou no que ela sabia sobre de Deus. Ele declara: “ Não entendo, mas seja feita tua vontade”. Ela nao disse: “explique- me tudo e logo direi como estou pensando em responder”.

O Espírito Santo  conduz Maria  a pessoas que irá ajudá-la a compreender o que está acontecendo. Não ficou  em casa, fechada, como uma vítima. Recebe a mesma saudação, por parte de Isabel, que havia recebido do anjo: “Bendita é você entre as mulheres. Assim, ela começa a lidar com uma forte expectativa Messiânica, e sua compreensão do que esta acontecendo faz brotar um cântico do profundo de sua alma (alma adolescente!). Neste cântico vemos um  paralelo com o cântico de Ana (mãe de Samuel). Este cântico (Lucas 1: 46-56) revela suas grandes expectativas

Esta situação de maravilha e tensão, de esperança e conflitos, provoca algumas questões:

a) Como imaginamos que deve ser a vida de uma pessoa abençoada?
b) Há espaços para benção em meio a conflitos e riscos?
c) Como se expressaram as bençãos na vida de Maria? 

Isso nos ajuda a refletir sobre como as bençãos de Deus se apresentam em nossas vidas. Será que estas bençãos, em nossas vidas, terminam conosco ou vão mais além?

Graças a Deus por este exemplo de submissão ao Senhor, desta jovem mãe. Ele nos inspira a confiar no bom Deus, em meio às dificuldades de nossas vidas.Vemos em Maria uma disposição de entrega em meio às condições não ideais de vida. Em uma breve frase temos uma profunda oração: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme tua palavra” ( Lucas 1.38).  Uma oração assim nos permite construir toda uma vida!  Que tipo de vida seria essa?

Um forte e agradecido abraço a todas mães, a todas as mulheres de nossa igreja! Que vocês, inspiradas por Maria, possam ter uma vida, e edificar outras vidas, marcadas por esta profunda confiança e submissão ao Senhor.

 Ziel Machado 
Pela Equipe Pastoral